Os holofotes que estavam voltados para Rogério Ceni tiveram de ser reposicionados para outro ídolo do São Paulo, bem mais contestado, com mais problemas do que o goleiro e capitão da equipe. Neste domingo, o Fabuloso fez as pazes com boa parte da torcida, marcou duas vezes e ajudou o Tricolor a vencer o Flamengo por 4 a 1, no Morumbi, com mais de 35 mil pessoas. Em duelo de duas equipes que ainda se arrumam no Campeonato Brasileiro, a maior qualidade técnica dos donos da casa fez a diferença.
A boa vitória leva o São Paulo aos 22 pontos e deixa a equipe de Ney Franco mais perto no G-4, viva na disputa por uma vaga na Taça Libertadores do ano que vem. Além do triunfo, a torcida pôde comemorar o retorno tranquilo de Rogério Ceni, que estreou na temporada, após se recuperar de cirurgia no ombro, e quase não trabalhou. Já Luis Fabiano se reafirmou com os gols, até passou Leônidas da Silva na lista de artilheiros da história do clube - 145 a 144. Mas levou um cartão amarelo e ainda mostrou algum rancor com parte de uma torcida organizada.
O Flamengo, com mais uma atuação abaixo da média, estaciona nos 16 pontos. Sem reação, a equipe de Dorival Júnior tentou criar jogadas, mas finalizou muito pouco a gol e não teve como buscar um ponto sequer fora de casa. Apenas assistiu à festa e, com o 3 a 1 no placar, ainda deixou o rival fazer o quarto e configurar a goleada.
Na próxima rodada, o São Paulo enfrenta o Sport no domingo, às 16h, no Morumbi. Antes, porém, a equipe de Ney Franco estreia na Copa Sul-Americana diante do Bahia, quarta-feira, às 21h50m, em Pituaçu. Já o Flamengo pega o Atlético-MG no próximo sábado, às 18h30m, no Engenhão.
Ceni comanda, Fabuloso comemora... E leva cartão
A quase duas horas do início do jogo, a presença de Rogério Ceni já "ecoava" no sistema de som do Morumbi: a banda australiana AC/DC, que só tem suas músicas executadas no estádio quando o goleiro está em campo. Quando o ídolo subiu para o gramado, então, parecia título. Por mais de um minuto, Rogério teve seu nome gritado seguidamente, e ele retribuiu com acenos e um gol de falta no aquecimento. Foi a estreia do camisa 1 no ano - ele passou os últimos meses se recuperadndo de uma cirurgia no ombro. A torcida são-paulina ficou “pilhada” com a presença do ídolo, esperando por uma grande exibição. Esse clima contagiou os jogadores em campo.
Na equipe rubro-negra, por outro lado, apatia. Dorival Júnior escalou o garoto Camacho e pediu aproximação constante com Vagner Love, algo que não ocorreu. Apagado, Ibson contribuiu muito pouco e não fez a ligação entre meio e ataque. Apenas Léo Moura, pela direita, tentou algo diferente, mas teve de recuar quando Cortez percebeu a “avenida” às costas do ala flamenguista. Resultado: o time carioca foi para o intervalo sem ter chutado nenhuma bola a gol.
No ataque, outro que retornava ao São Paulo queria jogo, enfiava-se no meio de Welinton e González e criava chances. Recuperado de uma lesão na coxa, Luis Fabiano teve duas ótimas chances de abrir o placar, ambas em vacilos de uma zaga que custa a passar confiança. Num escanteio, Welinton olhou de um ângulo privilegiado - do chão, bem à sua frente - a cabeçada firme que Paulo Victor salvou. Depois, Luis Fabiano se antecipou à zaga, finalizou de direita e o goleiro trabalhou bem novamente.
Quando o Flamengo se organizou no miolo da zaga, deu espaço no meio-campo. E Maicon, que ainda não havia aparecido no jogo, aproveitou a brecha para fazer o que mais gosta: chutar de longe. Aos 41 minutos, o meia recebeu de Rodrigo Caio, olhou para o gol, percebeu o posicionamento de Paulo Victor, e bateu cruzado, sem tanta força. A marcação não chegou, o goleiro não alcançou, e o São Paulo fez 1 a 0, segundo gol de Maicon no Brasileirão. Lá atrás, Rogério Ceni vibrava como um garoto.
Mesmo com a vantagem, Luis Fabiano insistia em deixar sua marca. Logo ele, que vivia às turras com a torcida nos últimos dias, aproveitou novo escanteio de Jadson e cabeceou aos 46 minutos, em cima de Ibson e Camacho, bem mais baixos do que o centroavante - outro indício da desorganização deste Flamengo. Paulo Victor saiu mal, e o Tricolor fez 2 a 0. Na comemoração, o Fabuloso tirou a camisa, beijou o escudo e... levou cartão amarelo. E ainda se igualou a Leônidas da Silva como o sétimo maior artilheiro da história do clube: 144 gols.
Tricolor goleia. No Fla, desolação
Dorival queimou suas três substituições antes do segundo tempo. No fim da etapa inicial, Airton, machucado, deu lugar a Amaral. No intervalo, os sumidos Camacho e Adryan deram lugar a Bottinelli e Thomás, respectivamente. Se não deu para exibir um futebol vistoso, ao menos o Flamengo deu sinais de reação. Thomás mudou a dinâmica do ataque rubro-negro, se aproximando de Vagner Love e partindo para cima dos zagueiros. Sozinho, porém, o meia-atacante não tinha como resolver.
Com o domínio das ações, o São Paulo amplicou aos 14 minutos, em uma troca de passes precisa: Ademilson para Maicon, para Cortez, que acertou belo cruzamento para Luis Fabiano. Sozinho, ele só tirou de Paulo Victor e chegou aos 145 gols com a camisa tricolor: 3 a 0. Na comemoração, tensão. O centroavante comemorou com os companheiros, e parte da torcida, a organizada, gritou só o nome de Ademilson, que iniciou a jogada.
Só aí, com um déficit de três gols na conta, é que o Flamengo deixou de ser tímido e passou a arriscar. Ramon diminuiu o placar, aos 21, na primeira finalização da equipe no jogo. Sim, o time de Dorival Júnior demorou mais de 65 minutos para dar seu primeiro chute no gol. Ajuda a explicar o que os rubro-negros apresentaram neste domingo: uma equipe que corre, se esforça, mas não tem criatividade suficiente para superar uma defesa armada. No fim, com as mãos apoiadas sobre os joelhos, Vagner Love era a imagem da desolação.
Mesmo com algumas ameaças tardias do Flamengo, o Tricolor segurou o resultado com tranquilidade. O time rubro-negro estava tão desligado em campo que nem percebeu que o rival chegou a ficar com 12 jogadores em campo num determinado momento. Rodrigo Caio foi substituído por João Schmidt, mas se esqueceu de sair. Ele ficou ali, escondido pela direita, até Dorival Júnior perceber o erro e comunicar o árbitro. O volante saiu e ainda levou cartão amarelo.
Havia tempo para mais. Aos 48 minutos, Jadson recebeu ótimo de Luis Fabiano, o nome do jogo, e marcou o quarto. Em ritmo de treino. Rogério Ceni saiu muito satisfeito com a festa - e a vitória, claro - em seu retorno. A confiança do time aumentou com o ídolo e capitão em campo. No Flamengo, muito a corrigir. A expressão preocupada de Dorival Júnior deixa transparecer o tamanho do trabalho que ele terá nos próximos dias.
Origem: Globo Esporte
Adaptação: Koysa Nova
Por: Samuel Souza
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