Deivid pediu a palavra. Tomou a iniciativa e se escalou para ser um dos o entrevistados do Flamengo na coletiva da tarde desta quinta-feira, no Ninho do Urubu. Como de hábito, não se escondeu e não deixou perguntas sem resposta. O gol perdido na derrota por 2 a 1 para o Vasco, em uma das semifinais da Taça Guanabara, foi o único tema (assista ao lance no vídeo ao lado). Assim como no intervalo e no fim da partida, manteve-se sereno e lamentou o erro. Foi além. Assumiu a culpa pelo resultado e a eliminação.
- Por toda a repercussão que tenho acompanhado, não teria motivo para me esconder. É a minha profissão. Não sou jogador frouxo, covarde e otário. Isso nunca vai me fazer pedir para sair do Flamengo. Tenho contrato até dezembro e vou cumprir. Tenho acompanhado o noticiário, vi que colocaram o Ronaldo como o pior do jogo. A culpa não foi dele, não foi do Joel (Santana). Só tem um culpado. Eu fui o culpado. Se tivesse feito o gol, iríamos para o intervalo com 2 a 1, mas é uma coisa que acontece. Gostaria de estar aqui falando da boa atuação, do gol que fiz, do passe para o gol do Love. Poderia estar falando como herói da classificação, mas falo como vilão. Se tivesse feito o gol, a história seria outra.
O jogador disse que só conseguiu dormir às 8h. Além do apoio da família, recebeu mensagens de incentivo de amigos que fez ao longo da carreira.
- Foram ligações de jogadores do Santos, pessoal do Cruzeiro, de presidentes de clubes. Fico feliz, isso mostra que sou querido, que tenho feito as coisas certas no futebol. Disseram que tenho uma história muito bonita para ser apagada por conta de um gol perdido. Quem mais sofre é a família, né? Fica escutando gracinha, piadinha. Eu já sou cascudo, tenho casco de tartaruga. Momento mais difícil da minha vida foi quando quebrei a perna e perdi minha mãe, há três anos. Isso não é nada perto do que passei. O Joel me deu força no intervalo, os jogadores. Isso é o mais importante. Fico triste porque a torcida vai, paga R$ 50, R$ 60. Temos muita coisa lá pela frente, jogos decisivos pela Libertadores, Carioca.
O jogador disse que reviu o lance mais de uma vez e também custou a acreditar no erro.
- Fui tão convicto de que faria o gol que bati e saí para comemorar. Naquela fração de segundo, numa desatenção, acabou acontecendo dessa forma. Até meu filho, de cinco anos, faria. Pensei nele quando aconteceu. Ele já entende essas coisas, eu sabia que ele estava vendo o jogo. Vou tentar recuperar. Tenho que levantar a cabeça. Minha vida sempre foi de desafios, obstáculos.
O jogador entrou e saiu da sala de imprensa com um sorriso tímido no rosto, mas não escondeu o abatimento.
- Por mais experiente e cascudo que seja, você acaba ficando abalado. A maior virtude do homem é saber quando errou. Minha filha acordou e disse: "Você perdeu o gol". Disse que estava com pena de mim, mas falei que ela não tem que ter pena do papai. Quando achar que alguém tem que ter pena de você, está morto. Claro que vai ficar uma mancha até fazer um gol de título, ser artilheiro. Só cabe a mim dar a volta por cima. É a primeira vez que acontece dessa forma. Se pegar todos os clubes por onde passei, não tive essa coisa de perder gols. É um lance inédito, que fica marcado por ser numa semifinal, pela rivalidade. O mais importante é ficar com a cabeça erquida, tranquila.
O camisa 9 ouviu vaias quando foi substituído no segundo tempo, mas disse que também foi aplaudido por uma pequena parte.
- Por mais experiente e cascudo que seja, você acaba ficando abalado. A maior virtude do homem é saber quando errou. Minha filha acordou e disse: "Você perdeu o gol". Disse que estava com pena de mim, mas falei que ela não tem que ter pena do papai. Quando achar que alguém tem que ter pena de você, está morto. Claro que vai ficar uma mancha até fazer um gol de título, ser artilheiro. Só cabe a mim dar a volta por cima. É a primeira vez que acontece dessa forma. Se pegar todos os clubes por onde passei, não tive essa coisa de perder gols. É um lance inédito, que fica marcado por ser numa semifinal, pela rivalidade. O mais importante é ficar com a cabeça erquida, tranquila.
O camisa 9 ouviu vaias quando foi substituído no segundo tempo, mas disse que também foi aplaudido por uma pequena parte.
- Quando você joga mal, a torcida vai cobrar. Quando joga bem, vai apoiar. É normal. Até eu, se estivesse na arquibancada, iria vaiar. Mas também ouvi aplausos. Estão vendo que estou correndo, tentanto ajudar o time, jogando bem. É trabalhar, tentar jogar bem e fazer os gols.
O lateral-esquerdo Junior Cesar foi o segundo entrevistado e reforçou o apoio do grupo ao companheiro.
O lateral-esquerdo Junior Cesar foi o segundo entrevistado e reforçou o apoio do grupo ao companheiro.
- A culpa não é só do Deivid. Ele está se sentindo culpado pelo gol perdido, mas isso é um grupo. Já nos ajudou em muitos jogos, já fez gols em muitos jogos. Ele está ali para fazer o gol, mas a responsabilidade é de todo o grupo. Estamos apoiando ele nesse momento.
Origem (GloboEsporte/ Adaptado - Koysa Nova)
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